Gonioscopia

21 de dez. de 2024
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A gonioscopia é um exame oftalmológico especializado realizado para avaliar o ângulo da câmara anterior do olho, que é o espaço entre a córnea e a íris onde está localizado o sistema de drenagem do humor aquoso. Esse exame é essencial no diagnóstico e acompanhamento de doenças que afetam o fluxo intraocular, como o glaucoma, e para identificar anomalias estruturais ou lesões oculares.


Objetivos da Gonioscopia:

  1. Avaliar o estado do ângulo da câmara anterior, determinando se está aberto ou fechado.
  2. Identificar alterações ou anormalidades, como sinéquias (aderências), neovasos ou pigmentações excessivas.
  3. Diagnosticar e classificar diferentes tipos de glaucoma, especialmente os de ângulo fechado ou estreito.
  4. Verificar a presença de materiais estranhos ou danos associados a traumas oculares.

Como Funciona?

O exame utiliza uma lente especial chamada gonioscópio, que é colocada diretamente sobre a superfície do olho após aplicação de colírio anestésico. Essa lente, combinada com um biomicroscópio (lâmpada de fenda), permite ao oftalmologista observar diretamente a região do ângulo da câmara anterior, algo que não é possível visualizar por meio de um exame oftalmológico convencional.


Etapas do Exame:

  1. Preparação:

    • O paciente recebe colírios anestésicos para evitar desconforto durante o procedimento.
    • É aplicado um gel de contato na superfície do gonioscópio, que ajuda a formar uma interface óptica clara entre a lente e a córnea.
  2. Execução:

    • O paciente é orientado a posicionar o rosto no biomicroscópio.
    • O médico coloca delicadamente a lente sobre a córnea do olho a ser examinado.
    • Enquanto o paciente fixa o olhar em um ponto, o oftalmologista observa e avalia as estruturas do ângulo utilizando iluminação direcionada e técnicas específicas para identificar alterações sutis.
  3. Finalização:

    • Após o exame, o gel de contato é removido, e o paciente pode receber colírios lubrificantes para maior conforto.

Estruturas Avaliadas na Gonioscopia:

  1. Linha de Schwalbe: Marca a borda anterior do ângulo.
  2. Malha Trabecular: Estrutura responsável pela drenagem do humor aquoso.
  3. Canal de Schlemm: Canal por onde o humor aquoso é drenado para a circulação sanguínea.
  4. Esporão Escleral: Delimita a transição entre a córnea e o corpo ciliar.
  5. Processos do Corpo Ciliar: Estruturas que produzem o humor aquoso.

Indicações do Exame:

  • Glaucoma: Diagnóstico e diferenciação entre glaucoma de ângulo aberto e fechado.
  • Traumas Oculares: Identificar possíveis danos no ângulo ou presença de hemorragias.
  • Síndromes Pigmentares: Avaliar a dispersão anormal de pigmentos no ângulo.
  • Anomalias Congênitas: Diagnóstico de malformações anatômicas que afetam a drenagem do humor aquoso.
  • Monitoramento Pós-Cirúrgico: Avaliar a integridade das estruturas após cirurgias oculares.

Vantagens da Gonioscopia:

  • Diagnóstico Precoce: Identifica alterações sutis que poderiam levar a complicações graves, como o glaucoma de ângulo fechado.
  • Precisão Anatômica: Proporciona uma visão detalhada das estruturas internas do ângulo da câmara anterior.
  • Complemento a Outros Exames: Auxilia na correlação com resultados de tonometria e exames de imagem ocular, garantindo um diagnóstico mais completo.

Limitações e Considerações:

  • O exame requer habilidade técnica por parte do médico, pois a interpretação das estruturas é altamente especializada.
  • Em pacientes com sensibilidade extrema ou inflamação ocular, o procedimento pode causar leve desconforto, apesar do uso de anestésico.
  • Anormalidades ou opacidades corneanas podem dificultar a visualização completa das estruturas.

Cuidados Após o Exame:

Após a gonioscopia, a visão pode ficar temporariamente turva devido ao gel de contato ou ao efeito dos colírios anestésicos. Recomenda-se evitar esfregar os olhos nas horas seguintes e seguir as orientações do oftalmologista quanto ao uso de colírios ou cuidados adicionais.


A gonioscopia é um exame indispensável na prática oftalmológica moderna, permitindo o diagnóstico preciso de doenças oculares potencialmente graves. Com sua aplicação, o oftalmologista consegue identificar problemas de forma precoce, promovendo tratamentos eficazes e preservando a saúde ocular do paciente.

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